Desafios com queda nos preços da soja e projeções de safra
A recente queda nos preços da soja, atingindo o menor patamar desde 2020, combinada com projeções de redução na safra de 2024, acende um sinal de alerta no agronegócio brasileiro. O preço da tonelada da soja na Bolsa de Chicago, referência na cotação da commodity, registra seu valor mais baixo para janeiro desde 2021, ameaçando a rentabilidade das empresas e reacendendo o temor de pedidos de recuperações judiciais.
Os preços históricamente altos em 2022 e 2023 deram lugar a uma queda de 21% até 22 de janeiro de 2024. O setor agropecuário, que já enfrentou episódios similares em 2015, quando a queda no valor da soja resultou em pedidos de recuperação judicial de grandes empresas, agora se vê diante de um cenário desafiador.
O estresse hídrico, influenciado pelo efeito El Niño, impactou as previsões de colheita em estados chave como Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). A Aprosoja Brasil estima que a safra brasileira de soja não ultrapassará 135 milhões de toneladas, uma projeção significativamente abaixo das estimativas de outras consultorias e instituições públicas.
Em Mato Grosso, o maior produtor do país, 6% da área de soja precisou ser replantada devido à falta de chuvas e ao calor intenso. Essa situação afeta mais de 700 mil hectares do total de 12,1 milhões destinados à soja no estado, conforme levantamento do Imea. O instituto estima uma produtividade de 57,87 sacas por hectare, representando uma queda de 7% em relação à produção de 2022/2023.
A Conab, em sua 4ª projeção de safra divulgada em 10 de janeiro de 2024, estima uma produção de 306,4 milhões de toneladas, indicando uma redução de 13,5 milhões de toneladas em relação à safra anterior de 2022/2023, que totalizou 319,9 milhões de toneladas.