Coreia do Sul: Impeachment de Yoon Suk Yeol é protocolado após crise gerada por decreto de lei marcial
O Parlamento da Coreia do Sul formalizou nesta quarta-feira (4) um pedido de impeachment contra o presidente Yoon Suk Yeol, em resposta ao decreto de lei marcial imposto na terça-feira (3), que gerou uma onda de protestos e reações negativas no país. A medida, que restringia direitos civis e dava poderes excepcionais às forças armadas, foi revogada horas após a sua imposição, após uma votação unânime de deputados em sessão de emergência.
O pedido de impeachment foi assinado por 191 legisladores da oposição, que se uniram para revogar a lei marcial e pressionar pela saída do presidente. Para que o impeachment tenha êxito, é necessário o apoio de dois terços do Parlamento, que atualmente possui maioria da oposição, além da aprovação de pelo menos seis juízes do Tribunal Constitucional. A votação do impeachment pode ocorrer já na sexta-feira (6).
A crise política começou quando Yoon, alegando a necessidade de combater “forças antinacionais pró-Coreia do Norte”, anunciou a imposição da lei marcial, que incluía restrições à liberdade de imprensa e à Assembleia Nacional, além de permitir o controle militar sobre a polícia. A medida foi vista como uma tentativa de centralizar ainda mais o poder do Executivo e conter a oposição, mas gerou protestos em todo o país, com milhares de sul-coreanos saindo às ruas para exigir a renúncia do presidente.
Em meio à pressão popular e política, Yoon recuou rapidamente, revogando o decreto e afirmando que as forças militares recuariam. Contudo, o pedido de impeachment já havia sido protocolado e foi imediatamente apoiado por uma ampla maioria dos deputados opositores, refletindo o crescente descontentamento com o governo.
O cenário de instabilidade política é agravado por uma série de desafios enfrentados pelo presidente Yoon, incluindo a alta taxa de desaprovação popular e acusações de corrupção, como o caso da primeira-dama, que foi gravada recebendo uma bolsa de luxo como presente. Além disso, a oposição tem criticado o governo por suas dificuldades em reduzir o custo de vida e combater uma possível crise demográfica no país.Se o impeachment for aprovado, novas eleições serão convocadas e realizadas em até 60 dias, conforme as leis sul-coreanas. O governo de Yoon, que assumiu o cargo em 2022, vê sua posição política enfraquecida pela crescente pressão de oposição e pelo desgaste gerado pela crise recente.