
Por Ana Lucia
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O governo do Rio de Janeiro deflagrou nesta terça-feira (28/10) uma das maiores ações policiais dos últimos anos contra o crime organizado no estado. Batizada de Operação Contenção, a ofensiva ocorre nos complexos do Alemão e da Penha, com o objetivo de capturar lideranças do Comando Vermelho e conter a expansão territorial da facção, que mantém ramificações em outros estados brasileiros.
Logo nas primeiras horas da manhã, dois homens foram presos e um fuzil apreendido na Rua Uranos, na Penha. Até o momento, nove pessoas já foram detidas, e a operação segue em andamento. Ao todo, 100 mandados de prisão foram expedidos pela Justiça.
A megaoperação é resultado de mais de um ano de investigações conduzidas pelas forças estaduais de segurança e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). O plano foi elaborado para atingir as principais redes de comando e logística do tráfico, que se reorganizaram nas comunidades da capital fluminense.
Drones usados contra policiais
Durante a incursão no Complexo da Penha, criminosos usaram drones para atacar as forças de segurança, lançando artefatos contra os agentes. Apesar da ofensiva, a polícia manteve as posições e avançou nas áreas dominadas pelo tráfico. “Mesmo sob ataque, as forças de segurança seguem firmes no combate ao crime”, afirmou o governo estadual em nota divulgada nas redes sociais.
O aparato empregado na Operação Contenção impressiona pelo tamanho: dois helicópteros, 32 blindados terrestres, 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM e ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate dão suporte às equipes que atuam nas ruas.
Participam da ação policiais militares do Comando de Operações Especiais (COE), unidades operacionais da capital e região metropolitana, além de agentes da Polícia Civil de delegacias especializadas e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE). A operação também envolve o Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e a Subsecretaria de Inteligência.
Estado reage à violência
O governador Cláudio Castro afirmou que o Estado está agindo com “força máxima” para retomar o controle de áreas dominadas por facções.
“Estamos atuando de forma integrada para deixar claro que quem exerce o poder é o Estado. Os verdadeiros donos desses territórios são os cidadãos de bem, trabalhadores. Seguiremos firmes na luta contra o crime organizado”, declarou.
A presença de grupos criminosos nas comunidades do Alemão e da Penha tem sido motivo constante de confrontos, bloqueios de vias e paralisações de serviços públicos. A nova ofensiva busca desarticular o esquema financeiro e bélico do Comando Vermelho, apontado como o mais influente do país.
Contexto da ação
Segundo informações do governo, os complexos do Alemão e da Penha reúnem 26 comunidades, onde há forte presença armada e circulação de drogas, armas e munições. As forças de segurança acreditam que parte das lideranças locais coordena atividades em outros estados, como Pará, Ceará e Mato Grosso.
Com o uso de tecnologia de monitoramento aéreo, interceptações telefônicas e mapeamento de rotas de fuga, as autoridades pretendem enfraquecer a comunicação e a movimentação de recursos da facção.
Apesar do clima de tensão, o governo informou que não há registro de feridos graves entre os agentes. A operação segue sem previsão de término e deverá continuar ao longo da semana, com ações simultâneas em diferentes pontos da cidade.



