China aprova pacotão de R$ 8 trilhões para socorrer governos locais e impulsionar economia em crise
Da Redação
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O governo da China anunciou nesta sexta-feira, 8, a aprovação de um pacotão econômico de 10 trilhões de yuans (aproximadamente R$ 8,09 trilhões) para ajudar a aliviar a pressão financeira dos governos locais e estimular uma economia em desaceleração. O pacote foi lançado em resposta aos desafios fiscais crescentes e ao impacto das crises sanitária e imobiliária nos cofres públicos das províncias chinesas. A medida vem em um momento de incerteza global, exacerbada pela possível volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o que poderia aumentar as tensões comerciais.
Refinanciamento das dívidas regionais
O ministro das Finanças, Lan Fo’an, anunciou que, ao longo dos próximos três anos, o governo chinês fornecerá empréstimos de até 6 trilhões de yuans (R$ 4,8 trilhões) para ajudar as províncias a refinanciar o que é conhecido como “dívida oculta”. Este termo se refere aos débitos que não são oficialmente contabilizados nas finanças públicas, muitas vezes contraídos por meio de plataformas de financiamento arriscadas apoiadas por governos regionais. A medida visa aliviar os custos de juros dessas dívidas e liberar recursos para os governos locais, permitindo que eles invistam em outras áreas críticas.
Além disso, o pacote também inclui a emissão de 4 trilhões de yuans (R$ 3,22 trilhões) em títulos públicos, com vencimento ao longo de cinco anos, destinados à redução das dívidas dos governos locais. A decisão foi tomada após uma reunião de cinco dias do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo (NPC), o principal órgão legislativo da China, onde os desafios fiscais e as expectativas de crescimento econômico foram amplamente discutidos.
A economia chinesa em declínio
A China vem enfrentando uma desaceleração econômica significativa nos últimos anos, exacerbada pela pandemia de Covid-19, que impôs severas restrições e lockdowns, e pela crise imobiliária, que resultou em um colapso no setor de construção, um dos pilares do crescimento econômico do país. Esses fatores esgotaram as finanças dos governos locais, criando um ciclo vicioso de endividamento e limitações orçamentárias que dificultam a recuperação econômica.
Em algumas cidades, a falta de recursos tem levado a uma escassez de serviços básicos, e o risco de inadimplência por parte dos governos locais tem aumentado. A solução para esses problemas exigiria não apenas refinanciamento de dívidas, mas também medidas mais agressivas para estimular a economia e combater a deflação, um dos maiores desafios atuais.
Embora o pacote de socorro proposto seja um passo importante para aliviar as pressões fiscais dos governos locais, os desafios econômicos da China são profundos. A dívida crescente, a desaceleração do crescimento e os problemas estruturais da economia exigem respostas mais ousadas e coordenadas, não apenas no campo financeiro, mas também em termos de reformas econômicas e políticas públicas mais amplas.
A China continua a ser uma potência econômica global, mas seu futuro econômico dependerá de como o governo enfrentará esses desafios internos, equilibrando o alívio das dívidas com estímulos suficientes para garantir um crescimento sustentável.