Saúde

Câncer de apêndice, antes raro, cresce entre jovens e intriga especialistas

Estudo internacional aponta que a incidência do tumor triplicou entre nascidos após 1980 e quadruplicou para os que vieram ao mundo depois de 1985

O que era raro agora preocupa

O câncer de apêndice, até pouco tempo considerado uma doença rara e quase restrita a idosos, tem surgido com frequência cada vez maior em jovens. Um estudo publicado no Annals of Internal Medicine, em junho, revelou que a incidência desse tipo de tumor triplicou entre pessoas nascidas após 1980 e quadruplicou nos nascidos após 1985, em comparação com gerações anteriores.

Apesar do crescimento significativo, os especialistas ainda não sabem explicar o motivo. “Agora, quase um a cada três casos ocorre em adultos com menos de 50 anos”, destacou o professor de ciências biomédicas Justin Stebbing, da Universidade Anglia Ruskin, no Reino Unido.

Entenda o apêndice

O apêndice é um pequeno tubo com cerca de 10 centímetros, ligado ao intestino grosso. Durante décadas foi visto como inútil, mas hoje se sabe que ele abriga bactérias benéficas à digestão e pode ter papel na defesa contra diarreias intensas.

O órgão é mais conhecido por causar apendicite, inflamação que exige cirurgia imediata para evitar a ruptura. Porém, em casos mais raros, pode desenvolver o câncer de apêndice.

Como a doença se manifesta

O tipo mais comum de câncer de apêndice é o tumor neuroendócrino, também chamado de tumor carcinoide. Globalmente, a taxa registrada varia de 0,2 a 0,5 casos por 100 mil habitantes.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Rodrigo Nascimento Pinheiro, a doença costuma evoluir de forma silenciosa. “É importante que, na persistência de sintomas abdominais, o paciente investigue não apenas apendicite, mas também câncer, para que o diagnóstico não ocorra em estágio avançado”, alertou.

Nos estágios iniciais, os sinais são sutis e facilmente confundidos com outras condições:

  • dor abdominal (no estômago ou na pelve);
  • inchaço;
  • presença de líquido no abdômen.

O diagnóstico exige exames como tomografia, ressonância, ultrassom e, em casos suspeitos, biópsia. O tratamento principal é a cirurgia oncológica.

Fatores de risco

Pesquisas apontam que fumantes têm maior probabilidade de desenvolver o câncer de apêndice em relação a não fumantes. Outro fator de risco importante é o histórico familiar, incluindo síndromes genéticas ligadas ao tumor.

Apesar da baixa incidência global, o crescimento do número de casos em jovens gera preocupação entre médicos e reforça a necessidade de atenção para sintomas persistentes no abdômen.

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