Campo conectado e mais lucrativo
“Sim, vivenciamos uma transição de modelo de negócios. E eu acredito que chegará o tempo em que o agricultor poderá optar por um modelo de produção que não envolva, necessariamente, a aquisição e manutenção de máquinas”, afirma o diretor de Marketing de Produto para a América Latina da Case IH, Silvio Campos
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O horizonte da agricultura passa por transformações diárias, com impacto na produtividade e na lucratividade. Prova disso é a conexão de máquinas, cada vez mais sincronizadas e com uma comunicabilidade inimaginável em um passado recente. Equipamentos conversando entre si e buscando dados armazenados na “nuvem” mudam a paisagem das propriedades rurais, esboçando o que pode vir pela frente, ou seja, um campo totalmente conectado onde o produtor paga por serviços e não apenas para ter maquinário operando. Experiência já vivenciada pelo produtor rural Roberto Luiz Chioquetta, da Fazenda Santa Amélia, localizada na região de Campo Novo do Parecis (MT), já na fronteira com a Bolívia.
“Estamos alterando a forma tradicional de lidar com a terra, pensando em aumentar níveis de produtividade e, acima de tudo, redução de custos operacionais. Com a conectividade possibilitada, dentre outros fatores, pelo sinal 4G de telefonia, obtemos os dados em tempo real das máquinas, o que ajuda na tomada de decisões”, afirma o agricultor, ciente da transição de modelo de negócio já em curso no campo.
Animado, o produtor de milho conta que há dois anos ingressou na conectividade e que o negócio já apresenta bons resultados, sobretudo quanto ao monitoramento das atividades do maquinário. “Começamos com o Farmers Edge e o FieldView (plataforma Climate FieldView, da Bayer). Antes, não concluía o trabalho a contento. Hoje, conseguimos melhorar o monitoramento, o que possibilita mais rentabilidade”, diz Chioquetta.
O agricultor fala com propriedade, sobretudo ao relembrar do alto custo do maquinário agrícola, o que o faz pensar cada vez mais nos lucros advindos a partir da conexão entre máquinas. Com a telemetria, por exemplo, é possível obter dados com precisão milimétrica da propriedade, economizando desde insumos à colheita dos grãos. A soja, conta ele, que era vendida a R$ 85 há quatro anos, hoje não alcança R$ 65, a saca de 60 quilos.
Ou seja, conexão, produtividade e lucratividade juntas dão evidências de um futuro já às portas, no qual o produtor poderá optar por apenas contratar um pacote de serviços tecnológicos para a propriedade e aguardar o pós-colheita. Sem, necessariamente, arcar com altos custos com maquinário. De drones a tratores com tecnologia de ponta, eis a atualidade do agronegócio.
“Sim, vivenciamos uma transição de modelo de negócios. E eu acredito que chegará o tempo em que o agricultor poderá optar por um modelo de produção que não envolva, necessariamente, a aquisição e manutenção de máquinas”, afirma o diretor de Marketing de Produto para a América Latina da Case IH, Silvio Campos (foto), em conversa com jornalistas durante treinamento do Red Energy Connect, evento focado na agricultura de precisão e que atraiu dezenas de representantes de concessionárias.
“(Estamos aqui para mostrar) como o vendedor de máquinas agrícolas pode atuar na comercialização de serviços. Ou seja, venda de áreas de serviços agronômicos”, completa Campos, lembrando que o pacote tecnológico é uma ferramenta para extrair o melhor do equipamento, em plataforma aberta. “Queremos uma solução de conectividade que funcione em todas as regiões e clientes.”
Monitoramento
Com o uso de drones, por exemplo, é possível aumentar a performance das áreas produtivas por meio do monitoramento aéreo. Entre as aplicações do drone na agricultura estão o mapeamento das linhas de colheita (com precisão de centímetros), mapas 3D, análise da saúde da lavoura e de falhas no plantio, contagem de plantas e ainda a identificação de áreas com infestação de pragas.
O equipamento permite a visualização completa da área para a identificação de falhas e problemas imperceptíveis ao olhar terrestre. As imagens geradas pelo drone são georreferenciadas, tornando possível localizar o foco das imperfeições em solo e, a partir de análises, encontrar a causa de problemas e as possíveis soluções.
Além da agilidade no processo de captação e processamento de imagens e mapas, o uso do drone na agricultura apresenta maior eficiência. “Via terrestre, um trator com piloto automático realizaria um talhão para uma área de 60 hectares, por exemplo, em cerca de 16 horas. O mesmo procedimento de levantamento topográfico com a solução via drone pode ser realizado em quatro horas. Ou seja, quatro vezes mais rápido e com total precisão”, diz o gerente de negócios e soluções da CNH Industrial, Felipe Sousa.
A economia também chama a atenção. Comparando os resultados dos métodos convencionais ao emprego de drones para mapeamento topográfico, é possível poupar até 92% de recursos financeiros. Tudo que o produtor rural mais almeja. Disponível nas concessionárias Case IH, a solução com o uso de drone integra o pacote de Soluções Avançadas da marca.
O portfólio de soluções e produtos de pós-venda inclui também peças genuínas Nexpro, serviços, assistência técnica, suporte e treinamento em produtos e serviços essenciais ao produtor agrícola.
Parcerias
Para viabilizar a gestão agronômica, a Case IH firmou parceria com a canadense Farmers Edge, empresa de agrotecnologia que conta com ferramentas como imagens de satélite, estações meteorológicas com previsão, histórico de clima e radar, além de dados de precipitação, temperatura, vento e direção, ponto de orvalho, graus dia. E, ainda, mapas de sanidade (NDVI).
A Farmers Edge é responsável por gerenciar os dados coletados das propriedades rurais, salvá-los na “nuvem” e analisá-los em tempo real. O usuário tem acesso a informações diárias e relevantes que integram a ferramenta como dados climáticos originados na propriedade, complementados com prescrições de taxas variáveis e com serviços de amostragem de solo. Ou seja, enquanto a máquina trabalha no campo, informação é gerada e armazenada. Possibilitando futuras consultas no momento da tomada de decisão na propriedade, gerando além de bons índices de produtividade, economia de recursos e lucro.
Os mapas gerados pelo drone são enviados às máquinas da Case IH. Essas informações são inseridas nos monitores dos equipamentos. Com a definição das linhas de plantio ou pulverização, o piloto automático de um trator Steiger (leia box abaixo), por exemplo, trabalha com precisão de menos de 2 centímetros, proporcionando ganhos significativos em produtividade.
Com a conectividade, a telemetria desse mesmo trator envia e recebe informações em tempo real e, assim, o produtor sabe onde essa máquina está e o que está fazendo. Ou seja, ele consegue monitorar a sua frota, além de ter acesso a dados de manutenção do seu equipamento, conseguindo fazer intervenções de forma programada. “Todas essas soluções ajudam a aumentar o nível de disponibilidade das máquinas durante o trabalho no campo”, diz o gerente de Marketing Comercial da Case IH, Diogo Melnick.
Precisão
O AFS Connect, da Case IH, permite ao produtor tomar decisões de forma mais assertivas, tendo acesso a informações diárias e relevantes como amostragem de solo em zonas de manejo e prescrições em taxa variável.
As imagens de satélite processadas permitem um acompanhamento da lavoura durante toda a safra, por meio dos mapas de NDVI, Monitoramento e Variação. O produtor também recebe alertas de Mudança na Sanidade para cada talhão de sua propriedade. Esses novos mapas auxiliam a direcionar o monitoramento focado e uma ação de manejo imediata.
Estações meteorológicas instaladas na fazenda permitem verificar as condições ideais para pulverizações, uma economia de tempo, recursos e produtos. Além disso, o produtor pode checar a previsão meteorológica para os próximos dez dias e obter o histórico de chuvas da sua fazenda em apenas um clique.
O sistema pode ser usado ainda com frotas mistas, aprimorando a escolha dos clientes. “O acordo permite que os clientes da Case IH conectem suas frotas de máquinas atuais e antigas, que possuem funcionalidade de barramento CAN à plataforma Farmers Edge. Isto entrega ganhos tangíveis em todas as três etapas-chave do ciclo de dados da cultura — coleta, planejamento e execução — e oferece uma das soluções mais completas do mercado”, afirma Campos.
Os clientes também têm acesso ao suporte tecnológico e agronômico na propriedade, para monitorar informações e analisar mapas agronômicos sob medida, além de poder selecionar o serviço ou ferramenta mais adequada ao seu perfil, permitindo manter o controle de seus dados com diferentes planos de adesão. “A máquina vai começar a fazer predição do que acontece com ela. Ou seja, mais economia ao produtor, que poderá programar manutenções na hora certa”, reforça Campos.
“A gestão dos dados, tanto agronômicos quanto operacionais, permite ao produtor ter o controle da informação e analisar detalhadamente seus custos e receitas, e assim aumentar sua lucratividade, afirma o gerente Brasil da Farmers Edge, Lucas Trindade.
O executivo assegura que o mais importante é, além de fornecer soluções agronômicas, a coleta de dados diversos para que o agricultor tome a melhor decisão. “Quanto mais dados do local ele, o agricultor, tiver, mais acurácia”, diz Trindade.
Capacitação
O Red Energy tem como objetivo capacitar a força de vendas da rede de concessionários sobre o maquinário e as novas tecnologias disponíveis no agronegócio. Criado em 2017, ele já proporcionou treinamento para mais de 2 mil pessoas de 12 cidades do Brasil e participação de mais 10 países da América do Sul em 15 edições do evento.
“Sabemos que a mão de obra qualificada é um dos grandes desafios do campo. Por isso, reunimos a nossa força para passar os conhecimentos técnicos sobre as máquinas e também atualizações relacionadas à agricultura de precisão”, diz Melnick.
Durante os treinamentos, na Fazenda Santa Amélia, a propriedade ficou conectada por meio da solução promovida pelo ConectarAgro, iniciativa que vem conectando o campo brasileiro de forma efetiva, por meio da tecnologia 4G LTE 700MHz.
O ConectarAGRO é uma iniciativa da Case IH junto com as maiores empresas do agronegócio e com a Tim e a Nokia para expandir o acesso à internet no campo. “Com a conectividade, o produtor terá acesso, em tempo real, aos dados gerados pelas máquinas Case IH, além de obter outras informações climáticas e agronômicas”, comenta Campos.
Saiba mais: Steiger
O Steiger, trator articulado da Case IH, marca da CNH Industrial, não se destaca apenas por ser a máquina de maior capacidade de tração no mundo em seu segmento. Com conectividade, o equipamento também é equipado com tecnologias que fazem parte do conceito do AFS Connect. E, por isso, gera e recebe diversas informações que permitem ao empresário do agronegócio monitorar a sua frota e tomar decisões mais assertivas.
“Com a conectividade no campo, a telemetria das máquinas envia e recebe informações em tempo real e, assim, o produtor tem acesso a dados de manutenção das máquinas, conseguindo fazer intervenções de forma programada”, exemplifica Campos.
Com o Controle Automático de Produtividade (APM) a automação de tarefas ganha mais força com o 4G no campo. Essa função regula automaticamente a rotação do motor, junto com a troca automática de marchas das máquinas. “O APM permite ao operador não olhar apenas a velocidade, mas sim o quanto de carga e o quanto de torque é jogado no solo do ponto de vista de otimizar o consumo de combustível. Desta forma, automatizando o motor e a transmissão do trator, é possível obter uma redução de até 25% no consumo de combustível”, afirma.
Moacir Neto de Campo Novo do Parecis (MT), com informações da Case IH/O repórter viajou a Campo Novo do Parecis (MT) a convite da Case IH