Câmara aprova isenção de Imposto de Renda até R$ 5 mil; mais ricos pagarão a conta

Medida beneficia cerca de 10 milhões de trabalhadores e eleva tributação mínima para contribuintes de alta renda; proposta segue agora para análise do Senado.
Isenção histórica aprovada
Em votação unânime, a Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (1º) o projeto que isenta do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) todos os trabalhadores com salário de até R$ 5 mil mensais.
A medida, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), representa um alívio direto para a renda da população e foi articulada pelo relator da proposta, o deputado Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Casa. O texto tramitou em regime de urgência e agora seguirá para o Senado.
“Esperamos que o Senado dê o mesmo apoio maciço que tivemos na Câmara”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após a aprovação.
Quem ganha até R$ 7.350 também terá desconto
Além da isenção para salários de até R$ 5 mil, o projeto contempla redução de alíquotas para quem recebe de R$ 5 mil a R$ 7.350 mensais, evitando que trabalhadores com ganhos pouco acima do limite percam o benefício.
Atualmente, a isenção cobre apenas rendas até R$ 3.036. Com a nova regra, aproximadamente 10 milhões de pessoas devem ser beneficiadas.
Mais ricos terão aumento da carga tributária
Para compensar a perda de arrecadação, o texto aprovado prevê que os contribuintes de alta renda pagarão mais imposto.
- Será criada uma alíquota mínima progressiva para quem ganha acima de R$ 50 mil por mês, chegando a 10% para rendimentos a partir de R$ 100 mil mensais.
- Hoje, parte dos mais ricos paga em média 7,4% de IRPF, segundo dados da Receita Federal.
- Estima-se que 200 mil brasileiros – o equivalente a 0,1% da população – serão diretamente afetados.
Profissionais liberais que recebem via pessoa jurídica e declaram dividendos também passarão a ser tributados, com cobrança na fonte de até 10%.
Impacto social e político
A aprovação representa um marco no sistema tributário brasileiro, marcado por críticas à elevada carga sobre a classe média e à baixa tributação sobre a elite econômica.
Para o governo, o projeto ajuda a cumprir promessas eleitorais e reforça o discurso de justiça fiscal. Já para a oposição, que votou a favor, a medida foi inevitável diante do impacto popular da proposta.
Especialistas apontam que, se confirmada no Senado, a nova regra deve reduzir desigualdades e ampliar o poder de compra de milhões de famílias, mas também poderá elevar o custo de investimentos para os mais ricos.