Brasil tem PIB melhor e dívida pior que países da América Latina
Da Redação
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O Brasil deve terminar 2024 com um crescimento econômico de 3,1%, uma das melhores taxas entre os principais países da América Latina, de acordo com as projeções divulgadas pelo banco de investimentos Goldman Sachs. Embora o resultado seja positivo, refletindo a recuperação da economia após os desafios impostos pela pandemia e pela crise política interna, o país enfrenta uma dívida pública crescente que continua a ser um ponto de preocupação.
Crescimento Econômico: Brasil em Destaque na Região
O desempenho da economia brasileira em 2024 está entre os mais robustos da América Latina. Apenas o Peru deve apresentar um crescimento equivalente ao do Brasil, com uma taxa projetada de 3,1%. Já outras economias da região enfrentam cenários mais desafiadores. A Argentina, que vive uma crise econômica prolongada, deve registrar uma contração de 3,4%, enquanto o Equador também segue em recessão, com uma previsão de queda de 0,2% do PIB. Outros países da região, como Chile, Colômbia e México, apresentam crescimento moderado, mas em níveis abaixo do Brasil.
Esses números refletem uma recuperação desigual na América Latina, com o Brasil se destacando positivamente, especialmente se comparado a economias vizinhas como a Argentina e o Equador, que enfrentam sérios problemas fiscais e sociais.
Porém, esse crescimento não é suficiente para resolver um dos maiores desafios econômicos do Brasil: a dívida pública. Segundo as projeções do Goldman Sachs, a relação entre dívida e PIB do Brasil deve encerrar 2024 em 78%, e deve seguir em ascensão para 82% em 2025. Esses números são consideravelmente mais altos do que a média da região. Entre as principais economias latino-americanas, a média da relação dívida/PIB será de 59% neste ano, com o Peru apresentando a menor taxa, de 31,5%. A Colômbia, com 67,6%, é o país cujos números mais se aproximam do Brasil.
Essa disparidade coloca o Brasil em uma situação fiscal delicada, o que poderá limitar o espaço para novos investimentos em áreas essenciais, como educação, saúde e infraestrutura. Além disso, a alta dívida pública pode ter implicações para a confiança dos investidores e a capacidade do governo de implementar políticas econômicas eficazes no futuro.
Apesar de a inflação estar cedendo lentamente na região, o Goldman Sachs alerta que a piora fiscal será um desafio comum para os países latino-americanos nos próximos anos. A combinação de altos índices de endividamento e a necessidade de manter políticas fiscais equilibradas coloca pressão sobre os governos, que terão de lidar com o dilema de estimular o crescimento econômico sem agravar ainda mais suas contas públicas.
Esse cenário exigirá medidas fiscais rigorosas e, possivelmente, reformas estruturais, o que pode ser um fator limitante para o crescimento sustentável em países com alto endividamento, como o Brasil.