Economia & Negócios

Brasil tem início de ano positivo, mas inflação e juros altos preocupam

Da Redação
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O desempenho dos ativos financeiros brasileiros no início de 2024 tem se destacado entre os mercados emergentes, impulsionado por fatores internos e externos. No cenário doméstico, a política econômica reagiu ao quadro macroeconômico com medidas restritivas, como a alta dos juros e intervenções no câmbio pelo Banco Central. O governo também conseguiu aprovar medidas para conter o crescimento das despesas, o que levou a economia a dar sinais de desaceleração, segundo análise da XP Investimentos.
Apesar da melhora relativa nos ativos, a inflação segue pressionada. O IPCA-15 de janeiro registrou alta de 0,11%, influenciado pelo bônus de Itaipu, mas a composição do índice preocupa especialistas. A inflação de serviços atingiu 8,2% na média móvel trimestral, o maior patamar desde setembro de 2022. Os preços de bens industrializados e alimentos também registram altas expressivas, com projeções de 4,7% e 9,6%, respectivamente. A XP mantém sua estimativa de inflação anual em 6,1%, acima do teto da meta.
Para conter as pressões inflacionárias, a política monetária seguirá restritiva. A XP projeta a taxa Selic terminal em 15,50%, com novas altas nas próximas reuniões do Copom. Caso o câmbio se estabilize e a economia desacelere de forma mais intensa, o Banco Central pode encerrar o ciclo de aperto monetário já em maio. A corretora prevê que os efeitos da política monetária se tornem mais evidentes em 2026, contribuindo para reduzir a pressão sobre a demanda e estabilizar a taxa de câmbio.
No cenário internacional, o desempenho da economia dos EUA e a política do governo Donald Trump influenciam as projeções. O Federal Reserve não deve cortar juros neste momento, devido à inflação persistente. A valorização do real no início do ano foi impulsionada pelo recuo do dólar para R$ 5,83, mas a XP projeta uma cotação de R$ 6,20 no final de 2025 e R$ 6,40 em 2026, refletindo incertezas fiscais e o impacto das eleições brasileiras.
O déficit em transações correntes do Brasil mais que dobrou em 2024, chegando a US$ 55,9 bilhões, impulsionado pela redução do saldo comercial e aumento dos gastos com serviços. Para 2025, espera-se uma leve melhora, com um déficit de US$ 52,5 bilhões. Já o investimento direto deve cair para US$ 60 bilhões no próximo ano.
A XP avalia que, por ora, o Brasil não deve ser diretamente afetado pelas medidas protecionistas dos EUA, com impactos setoriais mais concentrados em produtos como petróleo e aço.
No entanto, a volatilidade cambial e os desdobramentos da política fiscal e monetária seguem como fatores de risco para o cenário econômico brasileiro.

GED

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