Política

Bolsonaro volta à Paulista, afirma que querem “eliminá-lo”, critica STF e projeta maioria no Congresso em 2026

Em seu segundo ato na avenida Paulista neste ano, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) centrou o discurso nas eleições de 2026 e na tentativa de deslegitimar o inquérito do qual é réu no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de envolvimento em uma trama golpista.

Ao lado de aliados como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o pastor Silas Malafaia, Bolsonaro criticou o Judiciário e apelou por uma “pacificação nacional”. Disse ser alvo de uma “fumaça de golpe” e que a intenção da investigação não seria prendê-lo, mas “eliminá-lo”.

Bolsonaro também fez um apelo aos apoiadores: pediu votos suficientes para eleger metade do Congresso Nacional em 2026. “Me deem isso que eu mudo o destino do Brasil. Nem preciso ser presidente”, afirmou, embora esteja inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em tom messiânico, declarou que “não interessa onde eu esteja, aqui ou no além”, ao defender a liderança do Congresso como instrumento de poder acima da Presidência da República.

O ato deste domingo (29) teve como mote “justiça já”, em contraste com o lema anterior “anistia”. O foco foi o julgamento dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, com críticas à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O pastor Malafaia, organizador do protesto, defendeu a anulação da colaboração premiada e voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, chamando-o de “ditador da toga”.

Além de Bolsonaro, falaram também o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Gustavo Gayer (PL-GO). Gayer se dirigiu ao público internacional em inglês; Bolsonaro tentou repetir o slogan de Donald Trump, dizendo “Make Brazil great again”.

Entre os governadores presentes, estavam Tarcísio de Freitas (SP), Cláudio Castro (RJ), Jorginho Mello (SC) e Romeu Zema (MG). Em abril, Bolsonaro havia reunido sete governadores. Desta vez, o apoio institucional foi mais contido, embora os discursos tenham mantido o tom de desafio às instituições.

Bolsonaro afirma que querem “eliminá-lo” e volta a atacar STF em ato na Paulista

O ex-presidente Jair Bolsonaro declarou que o objetivo do inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado não é sua prisão, mas sua morte. O ato foi organizado pelo pastor Silas Malafaia e reuniu aliados, apoiadores e quatro governadores.

“Tenho certeza de que o objetivo final não é apenas me prender — é me eliminar”, afirmou. Bolsonaro disse que não deseja ser preso nem morto, mas que não pode se omitir diante do que considera um ataque à democracia. “Estou do lado de Deus, da Pátria, da Família e da Liberdade”, completou.

Bolsonaro defendeu a união da direita para conquistar a maioria no Congresso Nacional em 2026. Segundo ele, uma articulação envolvendo partidos como PL, PP, Republicanos, União Brasil e PSD garantiria o controle de cargos estratégicos. “Com essa maioria, controlaremos as comissões mais importantes e elegeremos os presidentes da Câmara, do Senado e do Congresso.”

Aliados denunciaram uma suposta perseguição judicial contra Bolsonaro. Para o senador Flávio, o ex-presidente é alvo de uma “inquisição”. A deputada Bia Kicis chamou o inquérito de “farsa”, e o deputado Gayer afirmou que Bolsonaro é “a pedra” que impede a prisão de seus apoiadores. O senador Marcos Rogério (PL-RO) disse que “narrativas estão sendo transformadas em fatos”.

Tarcísio afirmou que “a missão política do ex-presidente não acabou”. Disse que tirar Bolsonaro das urnas é antidemocrático e que o ex-presidente continua com forte apoio popular. “Ele ainda vai fazer a diferença”, afirmou.

Silas Malafaia, que comandou o ato, criticou as decisões do Supremo Tribunal Federal. Chamou o ministro Alexandre de Moraes de “ditador” e o acusou de ter “sangue nas mãos” pela morte de um manifestante preso, conhecido como Clezão, que teria sofrido um infarto após a detenção. “O sangue desse justo clama diante de Deus”, disse.

O público estimado foi de 12,4 mil pessoas, número inferior aos 44,9 mil de abril e muito abaixo dos 185 mil de fevereiro, segundo dados do Monitor do Debate Político, da USP. A redução foi minimizada pelos aliados, que disseram priorizar “a mensagem” ao número de participantes.

GED

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