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Biden acusa Trump de “destruir a democracia” e critica corte em políticas de saúde nos EUA

Ex-presidente faz discurso inflamado em evento democrata e relaciona legado político de Trump à destruição simbólica da Casa Branca; fala ocorre em meio a impasse orçamentário e crise na saúde pública

O ex-presidente Joe Biden fez duras críticas a seu sucessor, Donald Trump, durante um evento do Partido Democrata realizado nesta sexta-feira (7) em Omaha, no estado de Nebraska. Diante de uma plateia de apoiadores, Biden acusou o atual presidente de “destruir a democracia americana” e de promover ataques diretos ao Estado de Direito.

“Eu sabia que Trump causaria uma grande destruição no país, mas não fazia ideia de que seria uma demolição literal”, ironizou o democrata, ao se referir à demolição da Ala Leste da Casa Branca promovida por Trump para a construção de um salão de baile de mais de 8 mil metros quadrados.

“É um símbolo perfeito de sua presidência. Trump destruiu não apenas a Casa do Povo, mas também a Constituição, o Estado de Direito e a nossa própria democracia”, afirmou Biden.


Críticas diretas e ironias a Trump

Durante o discurso, Biden ironizou as repetidas declarações de Trump de que seu segundo mandato inaugurou “uma era de ouro” para os Estados Unidos.

“O único ouro é o que ele pendurou na lareira”, disse, em referência às decorações douradas instaladas no Salão Oval.

Em tom mais grave, dirigiu-se diretamente a Trump, afirmando que o presidente “envergonha a nação”.

“O senhor trabalha para nós, Sr. Presidente. Nós não trabalhamos para o senhor — e muito menos apenas para bilionários e milionários”, declarou, arrancando aplausos da plateia.

Biden também associou as políticas econômicas de Trump ao favorecimento de elites financeiras e à erosão das instituições democráticas.

“Ele destruiu a confiança nas nossas instituições e agiu em benefício de poucos, às custas da maioria”, completou o ex-presidente.


Saúde pública e experiência pessoal

Em um momento mais pessoal do discurso, Biden revelou ter concluído recentemente um ciclo de radioterapia contra o câncer de próstata, conectando sua experiência à importância do acesso universal à saúde.

“Agradeço a Deus pelos médicos, enfermeiros e pelos avanços na pesquisa do câncer. Mas agora Trump e seus aliados republicanos estão cortando o financiamento público e tornando o atendimento mais caro para todos”, criticou.

O democrata acusou o governo de usar o orçamento federal como instrumento de pressão política, especialmente no contexto da paralisação governamental mais longa da história dos Estados Unidos, motivada pelo impasse sobre os subsídios da Lei de Acesso à Saúde (Affordable Care Act).

Segundo Biden, os republicanos se recusam a aprovar a continuidade dos subsídios, o que ameaça o acesso de milhões de cidadãos à cobertura médica básica.

“A saúde não é um privilégio, é um direito. E um governo que retira isso do povo está traindo o país”, afirmou.


Vitórias democratas e apelo à defesa da democracia

Biden também celebrou as vitórias eleitorais democratas obtidas nas eleições estaduais realizadas na terça-feira (4), que resultaram em importantes conquistas políticas: Zohran Mamdani foi eleito prefeito de Nova York, enquanto Abigail Spanberger e Mikie Sherrill venceram as disputas para governadoras da Virgínia e de Nova Jersey, respectivamente.

“O Partido Democrata está de volta!”, exclamou Biden.

Na Califórnia, os eleitores também aprovaram uma emenda constitucional apoiada pelos democratas que modifica o sistema de redistritamento eleitoral — medida considerada estratégica para reduzir a influência republicana no Congresso.

Encerrando o discurso, o ex-presidente reiterou seu apelo pela preservação da democracia, tema recorrente desde sua última campanha.

“A democracia não é algo garantido. É preciso lutar por ela todos os dias. Precisamos eleger líderes que acreditem nela, que a defendam, que a protejam.”

Em tom de esperança, Biden finalizou:

“Conheço o povo americano. E sei que ninguém, nem mesmo o presidente, pode destruir nossa democracia se estivermos unidos e dispostos a lutar por ela.”

GED

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