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O melhoramento genético amplia o rendimento das culturas, que se tornam menos vulneráveis ao ataque de pragas, e ainda garante índices cada vez mais otimistas em produtividade. Nada como colher cem sacas por hectare de soja, experiência já vivenciada por alguns produtores, e com a possibilidade de ter mais de duas safras por ano. Isso, em um horizonte de lançamentos previstos para o Brasil de 35 novas soluções em traits e de proteção de cultivos, além de variedades de soja e algodão, ferramentas digitais e sementes de frutas e hortaliças. O pacote tecnológico da próxima década foca na experiência do cliente, agora mais exigente e participativo nas decisões que impactam diretamente na lavoura.
Ante tal cenário, a perspectiva é amparada em rever estratégias de longo prazo, focada numa visão de futuro. “Norteamos nosso trabalho de modo a entregar resultados de curto, médio e longo prazos, no que chamamos de estratégia ‘20-30’”, diz o executivo Eduardo Leduc, vice-presidente sênior da Divisão de Soluções para Agricultura da Basf para América Latina, durante encontro com jornalistas, no Centro Global de Pesquisa da companhia, localizado em Trindade (GO/região Metropolitana de Goiânia).
E o contexto não poderia ser melhor para o anúncio da próxima década de trabalho da companhia. Na voz dos executivos presentes à coletiva de imprensa, a agricultura continuará, pelos próximos 20 anos, sendo um setor pujante na América Latina. Com um legado de mais de cem anos na agricultura, a Basf agora prepara novo salto, impulsionado, dentre outros fatores, pela aquisição de ativos da Bayer – negócio que ultrapassou a cifra de € 7 bilhões.
E o caminho encontrado para ganhar fôlego e também novos terrenos, sobretudo no Brasil, foi lançar mão do conceito stewardiship de sustentabilidade. “Queremos entender com os agricultores como a produção de soja, milho e algodão se dá nos próximos anos. Ou seja, cocriar soluções com os agricultores e aumentar nossa pipeline em 50%”, afirma o presidente global da Divisão de Soluções para Agricultura da Basf, Vincent Gros (foto, à dir.), ao apresentar a nova estratégia de negócios da companhia.
Palestrando em inglês, calmo e olhando o interlocutor no olho, o executivo demonstra conhecer bem o terreno onde semeia. Pela forma entusiasmada de expor os projetos da próxima década, Gros já consegue visualizar farta colheita. Ele lembra que na atualidade os consumidores estão mais exigentes quanto aos produtos e a saúde, em um ambiente de legislações mais rígidas e rigorosas.
Para lidar com os desafios, é necessário produzir mais gastando cada vez menos recursos e aumentar a produtividade (mais em menos área). “Os nossos objetivos estão focados em ajudar o agricultor a lidar com a resistência a herbicidas e inseticidas. Oferecemos soluções integradas que vão de sementes à biotecnologia”, diz.
Atualmente, a Basf é a terceira no ranking da proteção de cultivos e quarta na área de sementes. São investidos em pesquisa quase € 3 milhões, diariamente. Soja, milho e algodão já respondem por 30% do negócio da companhia. Trigo, canola e girassol ocupam boa posição e a expectativa é chegar ao primeiro lugar. Arroz é outra cultura do portfólio. “O produtor quer olhar a propriedade como um todo, conhecer o sistema de produção e cocriar soluções”, diz Gros, ao lembrar que a companhia está muito atenta à inovação, sustentabilidade, agricultura digital e na experiência do cliente.
Para atingir os objetivos, nada menos que € 6 bilhões serão investidos em inovação de produto. É o que garante o executivo Rolf Reinecke, vice-presidente sênior de Marketing Estratégico global da Divisão de Soluções para Agricultura. “Setenta por cento dos 6 bilhões (de euros) serão implementados nos próximos quatro anos. O Brasil é um mercado fundamental para nós. Vamos lançar novas biotecnologias, o motor novo do nosso carro é pesquisa e desenvolvimento”, diz.
Gros complementou que o foco será o fortalecimento da experiência do cliente. “Com a nossa estratégia, iniciamos um novo capítulo que coloca ainda mais os agricultores no centro de tudo o que fazemos”.
A América Latina responde por grande parte das vendas da Divisão de Soluções para Agricultura, sendo o Brasil o principal da região e um dos maiores mercados do mundo. Vice-presidente da Divisão de Soluções para Agricultura da Basf no Brasil, José Munhoz Felippe comenta que o País é parte fundamental de todas as decisões que a empresa toma globalmente.
“Sabemos da nossa responsabilidade em contribuir com os negócios da Basf e, principalmente, com o legado da nossa agricultura. Por isso, fortalecemos nossa atuação com a aquisição de ativos, incluindo o portfólio de sementes e serviços, realizada em agosto do ano passado. Assim, conseguimos suprir ainda mais as necessidades dos cultivos e oferecer soluções integradas que resultam em uma maior qualidade, produtividade e rentabilidade para o negócio dos agricultores”, diz.
Em terreno tão fértil, a companhia prepara o lançamento de 28 novas soluções em proteção de cultivos, até 2030. Serão quatro novos ingredientes ativos. Em herbicidas, 6 novas soluções, fungicidas (11), inseticidas (7) e tratamento de sementes, com outros 5 novas soluções. “A agropecuária já representa 22% do PIB do Brasil. Nos Estados Unidos, apenas 5,4%. A busca da eficiência passa pelo equilíbrio social e ambiental”, lembra o diretor de Sementes da Basf no Brasil, Hugo Borsari.
Inovação
Com a nova estratégia da Basf, guiada pela inovação na agricultura, a empresa tem proporcionado benefícios para os agricultores e toda a sociedade, com base no conhecimento científico e em resultados práticos.
Além do investimento em pesquisa e desenvolvimento de aproximadamente € 900 milhões, a companhia também tem investido em infraestrutura nos centros de pesquisa. Um exemplo é o investimento feito nos últimos anos no Centro de Trindade (GO), na ordem de R$ 60 milhões. E este não é um investimento isolado.
O Centro de Pesquisa, localizado em Santo Antônio de Posse (SP), também recebeu aporte de R$ 40 milhões para ampliação e modernização de seus laboratórios e instalações. Esses sites fazem parte de uma rede global de pesquisa e desenvolvimento da empresa. Além desses, a Basf possui outras 16 localidades de pesquisas em regiões estratégicas no País e próximas dos agricultores para desenvolver as melhores soluções adequadas à realidade de cada região.
O resultado de todo este investimento pode ser observado no robusto pipeline da Basf. Para a próxima década, a empresa está programando uma série de lançamentos no Brasil, o que demonstra o compromisso de longo prazo com agricultores. “Serão mais de 30 lançamentos até 2030 no País, entre soluções de proteção de cultivos e traits, além de dezenas de variedades de soja e algodão, sempre voltadas para oferecer melhor qualidade e maior potencial produtivo para as principais regiões produtoras”, pontua o executivo José Munhoz Felippe, vice-presidente da Divisão de Soluções para Agricultura da Basf no Brasil.
Globalmente a Divisão de Soluções para Agricultura planeja aumentar sua participação de mercado e crescer um ponto porcentual acima do mercado de agricultura. Até 2030, o objetivo é ampliar as vendas em 50%, oferecendo soluções que contribuam consideravelmente com a sustentabilidade da cadeia de valor.
Em agosto de 2018 a Basf adquiriu importantes ativos (sementes, proteção de cultivos e ferramentas digitais) que complementaram de maneira estratégica o portfólio da empresa. A aquisição é considerada a maior da história da empresa (€ 7,4 bilhões).
Os novos negócios posicionaram a Basf, definitivamente, no mercado de sementes global (incluindo sementes de frutas e hortaliças), ampliaram o portfólio de proteção de cultivos e ferramentas digitais, e fortaleceram a pesquisa de novas tecnologias e biotecnologias.
Centro de Pesquisa Global
O centro está localizado a 35 quilômetros de Goiânia. O trabalho de pesquisa e melhoramento de sementes teve início em 2000, na região de Santa Helena (GO). Passou por Primavera do Leste (MT) e, em 2009, foi transferido para o município de Trindade. Este importante centro de pesquisa e melhoramento realiza ensaios nos principais estados produtores do Brasil – Bahia, Mato Grosso e Goiás.
Em 2018, o Centro passou por uma reforma, que aumentou em quatro vezes o seu tamanho e o transformou em uma das estações da Basf mais completas e modernas do mundo.
Entre os trabalhos desenvolvidos, está a condução do programa de melhoramento; recebimento e multiplicação de sementes de algodão; ensaios específicos para avaliação de doenças (ramulária, doença azul e outras) em campo e laboratório; área demonstrativa de todos os cultivares de algodão e soja. *O repórter Moacir Neto viajou a Trindade (GO) a convite da Basf