Atos pró-Bolsonaro marcam 7 de Setembro em várias capitais com pedidos de anistia e apoio a Trump
Manifestações ocorreram em São Paulo, Rio, Goiânia, Recife, São Luís, Brasília e outras cidades; governadores e lideranças da direita participaram, enquanto esquerda também foi às ruas em protestos paralelosManifestações ocorreram em São Paulo, Rio, Goiânia, Recife, São Luís, Brasília e outras cidades; governadores e lideranças da direita participaram, enquanto esquerda também foi às ruas em protestos paralelos
Neste domingo (7), feriado da Independência, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tomaram ruas e praças em diversas cidades brasileiras para defender a anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e criticar o Supremo Tribunal Federal (STF). Com o mote “Reaja, Brasil”, os atos reuniram figuras políticas da direita, líderes religiosos e familiares de Bolsonaro. Em resposta, movimentos sociais e partidos de esquerda também promoveram manifestações paralelas, reforçando a divisão no cenário político nacional.
Apesar de cumprir prisão domiciliar e estar impedido de participar de eventos públicos — inclusive por vídeo —, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi o principal personagem das manifestações que se espalharam por várias capitais no 7 de Setembro. Os atos tiveram como bandeira central a anistia para condenados por crimes contra a democracia e pedidos para que o Congresso Nacional avance em propostas de perdão coletivo.
Bolsonaro aguarda julgamento no STF, que será retomado nesta terça-feira (9), onde pode ser condenado por golpe de Estado e mais quatro crimes. As penas somadas podem chegar a 43 anos de prisão. Além disso, ele está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
São Paulo: Paulista tomada por bolsonaristas
Na capital paulista, milhares de apoiadores se reuniram na Avenida Paulista, onde abriram uma bandeira gigante dos Estados Unidos na altura do Masp. Cartazes em inglês pediam que o presidente norte-americano Donald Trump adotasse medidas de pressão contra o STF para livrar Bolsonaro de condenações.
No carro de som, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), discursou em defesa de Bolsonaro e atacou o ministro Alexandre de Moraes. Tarcísio puxou gritos de “anistia já” e declarou que “Bolsonaro deve ir às urnas em 2026”, mesmo estando inelegível.
O ato foi convocado pelo pastor Silas Malafaia, alvo de inquérito da Polícia Federal por coação no processo contra Bolsonaro. Também estiveram presentes a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, o presidente do PL Valdemar Costa Neto, o deputado Sóstenes Cavalcante e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).
Rio de Janeiro: Copacabana pede anistia
Na orla de Copacabana, zona sul do Rio, apoiadores exibiram faixas em favor de Bolsonaro, Trump e contra o STF. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, discursou ao lado do governador Cláudio Castro (PL) e do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), réu no STF por tentativa de golpe de Estado.
Recife e São Luís: protestos no Nordeste
Na capital pernambucana, apoiadores se concentraram na Avenida Boa Viagem com bandeiras do Brasil, faixas de apoio a Trump e até um “pixuleco” com a imagem do presidente dos EUA.
Já em São Luís (MA), houve motociata e carreata com bandeiras do Brasil, de Israel e dos Estados Unidos. Os manifestantes reforçaram pedidos de “anistia já” para Bolsonaro e demais condenados do 8 de janeiro.
Goiânia: “Reaja, Goiânia” ocupa ruas
Na capital goiana, o movimento “Reaja, Goiânia”, convocado por parlamentares do PL, reuniu centenas de pessoas na Praça do Sol. Vestidos de verde e amarelo, os participantes exibiram cartazes com frases como “fora Lula”, “respeito à Constituição” e “por Deus, pátria e família”. O ato reforçou a sintonia dos bolsonaristas locais com a campanha nacional por anistia.
Outras capitais e cidades
Em Brasília, manifestantes pediram novamente o apoio dos EUA contra o STF. Em Uberlândia (MG) e Juiz de Fora (MG), grupos levaram cartazes com críticas ao presidente Lula e ao ministro Alexandre de Moraes. Já em Maceió (AL), a concentração ocorreu no Corredor Vera Arruda e seguiu em trio elétrico até a orla de Ponta Verde, com faixas pedindo “fora Lula” e “anistia já”.
Atos da esquerda em resposta
Enquanto bolsonaristas pediam perdão judicial, partidos e movimentos sociais de esquerda também se mobilizaram no domingo. Em São Paulo, o “Grito dos Excluídos” reuniu 8,8 mil pessoas, segundo estimativa do Monitor do Debate Político do Cebrap e da USP. O ato criticou a concentração de renda no país e defendeu a taxação dos super-ricos, além de bandeiras por mais direitos sociais e trabalhistas.
Cenário político: anistia em debate
O pano de fundo das manifestações é a pressão crescente sobre o Congresso Nacional. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), é alvo de cobranças de parlamentares ligados ao PL e ao Centrão para colocar em votação um projeto de anistia.
As propostas em discussão variam:
- Anistia geral para todos os condenados e investigados, incluindo Bolsonaro.
- Anistia parcial, defendida no Senado, que excluiria o ex-presidente e apenas reduziria as penas dos demais.
O governo Lula se posiciona contra qualquer forma de anistia e tem articulado com movimentos sociais para barrar a iniciativa.
O desfecho dependerá do ambiente político em Brasília, especialmente após o STF concluir o julgamento de Bolsonaro e de outros oito réus até a próxima sexta-feira (12).
