AlegoPolítica

Assembleia Legislativa realiza audiência para debater segurança nas escolas

Ações contra violência foram propostas

Com objetivo de chamar atenção da sociedade para a violência que tem rondado escolas de todo País nos últimos dias, a Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) realizou, nesta quinta-feira (13/4) audiência pública com profissionais da área de segurança pública e educação para dialogar e traçar ações que garantam a integridade física de estudantes e funcionários.
 
De acordo com o deputado Amilton Filho (MDB), propositor da reunião,  “é preciso avaliar o que já foi feito em outras localidades e propor medidas que possam colaborar com a segurança nas escolas, tanto na rede pública quanto na privada”.  
 
A mesa dos trabalhos foi composta pelo deputado Coronel Adailton (Solidariedade); comandante-geral da Polícia Militar de Goiás, coronel André Henrique Avelar de Souza; secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Renato Brum dos Santos; comandante de ensino da Polícia Militar, Luciano de Souza Magalhães; presidente do Conselho Estadual de Educação, Flávio Roberto de Castro e o chefe maior do Corpo de Bombeiros de Goiás, coronel Emerson. 
 
Garantias
Fátima Gavioli, titular da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) participou do evento remotamente. Durante a audiência, a secretária abordou a situação difícil que o país vem enfrentando, mas ressaltou que “acredita muito que na semana que vem nós já vamos ter uma situação bem diferente”. Sobre os ataques que vêm ocorrendo em escolas por todo o País, Fátima Gavioli afirmou que toda vez que a superintendência de Segurança Escolar é acionada, a Seduc e a Secretaria de Segurança Pública (SSP)  trabalham juntas em tempo recorde para  evitar problemas na rede. 
 
Ela destacou que todas as escolas públicas têm amplificado seu aparato de segurança, com uso de câmeras de monitoramento e apontou que a instalação de cercas elétricas está sendo vista com bons olhos, assim como a aquisição de detectores de metal individuais por licitação.
 
A secretária esclareceu que a revista de mochilas será feita apenas nos próximos 90 dias de emergência e urgência e que a escola não irá revistar as bolsas dos alunos, mas sim pedir para que eles mostrem o conteúdo. Ela afirmou que a medida visa trazer paz e equilíbrio para a rede, já que a maioria das crianças que levam facas para a escola, o fazem por medo e com vistas a sua defesa pessoal.
 
Por fim, a secretária agradeceu o convite para a audiência e pediu ajuda da Assembleia Legislativa para um grande movimento nas escolas no Dia da Paz na Escola, que será realizado no dia 20 de abril. Ela destacou que suspender as aulas só aumenta o processo de pânico e medo na escola.
 
Ações preventivas
O secretário de Estado de Segurança Pública, coronel Renato Brum dos Santos, ressaltou a importância da presença das forças de segurança no evento. “Estamos aqui para acalmar a população. Estamos trabalhando de forma preventiva e inicialmente estamos trabalhando um plano de ação. Esse plano realmente é feito através do estudo científico, foram feitos protocolos”, afirmou.
 
Coronel Brum também destacou a importância da inteligência de todas as forças de segurança na prevenção de situações de risco nas escolas. “Estamos mapeando, estamos depurando as redes sociais através da inteligência. Temos uma delegacia muito forte dentro da Polícia Civil que tem toda a experiência, toda expertise para atuar dentro dessa área juntamente com as forças das agências de inteligência”, disse.
 
O secretário de Segurança Pública ainda enfatizou que as forças de segurança estão preparadas para agir, caso alguma situação de risco ocorra nas escolas. “Os protocolos estão sendo feitos de forma preventiva. Existem os protocolos, caso seja preciso agirmos”, afirmou.
 
O coronel Brum dos Santos destacou, ainda, a importância da presença dos pais dentro das escolas e ressaltou a união de diversos atores em prol da Segurança Pública no estado. 
 
No mesmo sentido, o comandante-geral da Polícia Militar de Goiás, coronel André Henrique Avelar de Souza afirmou que a PM tem traçado diretrizes para que as forças de segurança realizem as ações necessárias para coibir ataques como os ocorridos nas últimas semanas. “Nossa atuação é, em sua essência, de prevenção. Estamos nas ruas, em todos os municípios, de maneira ostensiva junto à sociedade. A nossa ordem de operações é, desde dois dias atrás, visitar todas as escolas da rede pública estadual e particular”, disse.
 
O coronel pontuou, ainda, o temor existente nesse momento, mas tranquilizou os pais e os alunos que frequentam as escolas. “Pedimos que confiem no trabalho das autoridades da Secretaria de Segurança Pública, nas nossas diretrizes. Vamos restabelecer a ordem e a segurança. A PM está à disposição para todas as demandas ”, salientou.
 
Preocupação
O deputado Coronel Adailton (Solidariedade), que é vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da Alego, afirmou que todos estão ansiosos e preocupados com a segurança nas escolas e que é importante ouvir a comunidade escolar para buscar soluções.
 
“Estamos todos juntos caminhando no sentido de apresentar ideias e projetos, mas a iniciativa é mais importante ainda porque nós vamos buscar, com essa audiência, a participação das pessoas que estão sofrendo na pele ou que estão vivenciando diretamente as situações”, afirmou o deputado Coronel Adailton.
 
O parlamentar ressaltou a importância da prevenção como o melhor remédio para assuntos dessa natureza e colocou-se à disposição da população como um representante eleito para cuidar da comunidade. Ele informou que a audiência pública buscou ouvir sugestões da comunidade escolar para buscar as melhores soluções afim de garantir a segurança nas escolas.
 
Combate nas mídias sociais e apoio psicológico nas escolas
O presidente do Conselho Estadual de Educação, Flávio Roberto de Castro, evidenciou que é preciso pensar em soluções a médio e longo prazo, mas que é necessário, de imediato, combater a desinformação. O presidente apontou que as mídias sociais precisam ser reguladas para se evitar que a desinformação cause pânico, sobretudo no ambiente escolar. Ele pediu que toda a sociedade atue de maneira contundente contra as notícias falsas.
 
Flávio explicou que depois das últimas ocorrências, alguns pais pediram a volta do regime remoto. “As pessoas, pais e professores, estão angustiados. Mas precisamos restabelecer a paz. Nossa guerra é contra as redes sociais, esse mundo sem lei”. Por fim, ele apontou a necessidade de atuação da comunidade escolar para atendimento psicológico aos estudantes. “É preciso pensar, também, na psicologia escolar. Problemas pequenos, quando não são observados, tomam proporções gigantescas e culminam em episódios como o vivenciado”, concluiu.
 
Ricardo Barbosa de Lima é secretário de Promoção da Segurança e Direitos Humanos da Universidade Federal de Goiás (UFG) e ao fazer uso da palavra falou sobre a experiência dos profissionais de educação em situações de violência no ambiente escolar. “É chocante, para quem está na escola, perceber que nos últimos dois meses tivemos mais ataques do que nos últimos 20 anos”, disse. Ele apontou alguns dados sobre ações efetivas para coibir violência nas escolas. 
 
Segundo o secretário, além dos largos investimentos que precisam ser realizados, é fundamental que a escola esteja integrada aos diversos órgãos da administração pública, como saúde, assistência social e segurança pública, por exemplo. Entre os dados que explicitou, Ricardo chamou atenção para o perfil dos agressores. Ele ressaltou que, na maioria dos casos, à violência parte de estudantes ou ex-alunos. Assim, ele reiterou a qualidade das atividades de conscientização e ajuda psicológica para combater ataques futuros. 
 
Durante sua fala, o coronel Emerson, chefe do Estado Maior Geral do Corpo de Bombeiros destacou o trabalho que a corporação vem realizando em parceria com as demais forças de segurança pública, como a Polícia Militar e a Polícia Civil. Ele ressaltou que os bombeiros estão dando um reforço a mais a esse trabalho de presença nas escolas e orientação aos pais. 
 
Além disso, o coronel Emerson falou sobre o programa Bombeiro Mirim, que conta atualmente com mais de 1500 crianças em cerca de 50 cidades do estado. Ele destacou que essas crianças são multiplicadoras da segurança nas escolas e em seus grupos de WhatsApp.
 
Emerson anunciou, também, que a corporação está finalizando uma atualização da norma técnica que trata sobre um plano de emergência nas escolas, caso aconteça alguma situação de risco. “O objetivo é que tanto as escolas quanto os professores tenham orientações claras e coerentes em caso de emergência, seguindo as regras e as orientações passadas na cartilha da Polícia Militar, que foi lançada recentemente”, informou.
 
Educação transformadora
Por fim, o diretor do colégio Lyceu de Goiânia, Ricardo Marques Pinto, defendeu a importância de políticas públicas educacionais para combater a violência nas escolas. “Eu entendo que parte daquilo que se discute é assunto de políticas públicas educacionais. A gente tem práticas estadunidenses como exemplo e cada vez mais seguimos o caminho para nos tornarmos um país fascista. Não entendo essas práticas”, destacou o diretor.
 
Pinto também ressaltou a importância de uma educação voltada para a formação do indivíduo como agente transformador da sociedade. “Quando a criança faz alguma coisa errada, ela deve aprender a fazer o correto desde cedo. É um processo, e quando falamos de processo educacional, podemos entender por políticas educacionais que transcendem a gestão”, disse.
 
O diretor ainda enfatizou que não existe uma solução imediata para o problema da violência nas escolas, mas sim um processo educacional. “Existe um plano de ação em processos educacionais, onde se transforma a educação em um indivíduo agente transformador da sociedade”, afirmou.
 
Por fim, Pinto destacou a importância de valorizar o ambiente educacional e os profissionais da educação. “Percebemos há anos, em relação ao professor, em relação ao educador, onde a família se sente no direito de pedagogicamente falar que o que ele faz está errado. É preciso participar de momentos, mas onde é que o paciente questiona a atuação do médico ou de um advogado? O mesmo deve acontecer com o professor”, concluiu o diretor.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo