Educação

Apenas 0,6% dos jovens brasileiros buscaram qualificação em 2018

Indicadores de educação melhoraram no País de forma geral, mas acesso da população aos cursos de capacitação e profissionalização ainda é modesto no Brasil

módulo Educação da Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua apontou uma melhora nos indicadores educacionais do Brasil entre 2016 e 2018. Segundo o estudo, o ensino médio, direcionado aos jovens entre 15 e 17 anos, alcançou 88,2% da população no período. Dentro dessa margem, a PNAD ainda revelou um dado preocupante para o mercado de trabalho: das 81,3 milhões de pessoas de 14 anos ou mais, que estudaram até o ensino fundamental e não completaram o ensino médio, apenas 0,6% frequentavam curso de qualificação profissional. Esse montante equivale a 468 mil pessoas.

Para Celso Alencar, diretor de ensino do CPS, Cedaspy Professional School, a ausência de capacitação tem dois fatores relevantes para as famílias de baixa renda: a falta de tempo e o orçamento apertado. “De forma geral, faltam incentivos a esta população sobre a importância de se investir em educação para mudar o futuro dos jovens”.

Para o especialista, é preciso refletir sobre quais fatores impedem a chegada deste público ao curso de qualificação e tomar as medidas necessárias para amenizar o cenário negativo. “Cursos de qualidade com preço, localização e horários acessíveis ganham mais aderência do jovem e da sua família. Quando os pais e responsáveis participam da decisão de investir na capacitação e acompanham de perto essa evolução para a vida adulta, o resultado final é sempre positivo”, completa.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB), a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as Diretrizes Curriculares garantem, em teoria, uma formação completa, tanto em conteúdo como na formação do cidadão. “Na prática, devido a diversos fatores, isso não acontece. Cabe às escolas de capacitação, com foco no mercado de trabalho, ofertar as demandas que não estão no currículo da educação básica”, ressalta Alencar.

De forma geral, o módulo Educação da PNAD descobriu uma importante falta de interesse do público em estudar ou se qualificar em 2017 e 2018. Esta característica foi maior entre os homens, 25,3%, do que entre as mulheres, 16%. A falta de recursos para pagar por um curso foi alegada por 13% das mulheres e 9,2% dos homens.

 

Atraso e evasão

O recorte do IBGE ainda indicou que 24,3 milhões de jovens brasileiros, entre 15 e 29 anos, em 2018, não frequentavam escola, curso de capacitação profissional ou pré-vestibular. As motivações são diferentes: para 47,7% dos homens, o trabalho ou a procura por oportunidade é o empecilho. Entre as mulheres, 27,9% indicam o trabalho como mais importante; e 23,3% alegam afazeres domésticos e cuidados pessoais como motivo para não se qualificarem.

Em 2018, o Brasil tinha 47,3 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos. Deste total, não estavam ocupadas, mas estudavam 28,6%; e 34,9% estavam ocupadas e não estudavam. A pesquisa mostrou que 13,5% estudavam e trabalhavam e 23% não estudavam nem trabalhavam.

O atraso e a evasão escolar também foram demonstrados pelo estudo: 30,7% dos alunos estavam atrasados ou tinham deixado a escola em 2018. “A evasão escolar poderia melhorar se não houvesse a necessidade, em parte dos domicílios brasileiros, do jovem ingressar precocemente no mercado de trabalho para ajudar na renda da família”, diz Celso Alencar.

Dos 9,3 milhões de estudantes do ensino médio regular ou Educação dos Jovens e Adultos (EJA) em 2018, 6,2% frequentavam curso técnico de nível médio, ou seja, 580 mil pessoas. Entre 47,6% milhões de pessoas que não estudavam e haviam concluído o ensino médio ou ingressado no superior sem concluir, 3% frequentavam curso técnico e 16% já tinham diploma técnico.

 

Ensino médio é insuficiente

De acordo com o IBGE, o Brasil registrou 13,4 milhões de desempregados no 1º trimestre de 2019. “Para o empregador, o que interessa é o funcionário qualificado. Nessa disputa por trabalho, apenas os candidatos mais qualificados conseguem a vaga. Não basta apenas ser bom, tem que se destacar”, conclui o diretor de ensino do CPS.

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