Ação humana agravou seca na Bacia do Araguaia, diz polícia ambiental
Imagens às quais o Goiás em Destaque teve acesso mostram os rios do Peixe e Javaés com leito interrompido, sem água
Dois importantes afluentes do rio Araguaia estão completamente secos em alguns pontos. Vídeos cedidos ao Metrópoles pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) mostram o rio do Peixe e o rio Javaés com leito interrompido.Dois importantes afluentes do rio Araguaia estão completamente secos em alguns pontos.
Vídeos cedidos ao Metrópoles pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) mostram o rio do Peixe e o rio Javaés com leito interrompido.Além de ser possível atravessá-los a pé, com água abaixo da canela, a terra tomou conta de grandes espaços, onde antes percorria a água. As imagens foram feitas por moradores locais e enviadas à delegacia.
É um cenário semelhante e complementar ao que foi visto pela reportagem, ao visitar a região de Nova Crixás (GO), na semana passada, e onde um canal largo e longo do Araguaia está na terra fofa pela primeira vez. O delegado titular da Dema, Luziano de Carvalho, atribui a situação não só à questão climática e à seca, mas principalmente à ação humana na bacia do Araguaia, que vem agravando o problema.
Segundo ele, a atuação de proprietários rurais na expansão de áreas de pastagens e de lavoura, em detrimento de nascentes, lagos naturais e reservatórios de água, é o que está causando o desequilíbrio do lençol freático de um dos rios mais famosos do Centro-Oeste.
Lagoas e nascentes degradadas Imagens feitas e obtidas pela delegacia mostram pontos de lagoas naturais totalmente drenados. Em alguns casos, com gado passando em cima no que, agora, funciona como pasto.“Eu tenho imagem de fazendeiros que têm 20 mil bois na fazenda e que pega uma lagoa, uma represa ou um rio e faz um desvio para a fazenda dele para dar água para o gado.
O que acontece? A água se perde no meio do pasto e não volta mais”, conta Luziano. O uso de drenos para converter áreas brejosas, que funcionam como reservatórios naturais de água, em pasto é, hoje, o principal problema da região do Araguaia, na visão do delegado.
Além disso, ele acrescenta o desmatamento em áreas de nascentes e, portanto, locais que deveriam ser preservados. Imagens aéreas mostram como a vegetação nativa foi retirada totalmente do entorno de lagoas naturais, em algumas propriedades no Vale do Araguaia.
Efeitos inéditos O Araguaia sofre há décadas as consequências da degradação ambiental, que ficam mais severas no período de estiagem. É comum, inclusive, durante a alta temporada, de junho a setembro, a redução do nível do rio e a aparição de bancos de areia. Este ano, no entanto, tem sido pior.
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