Irã ameaça fechar o Estreito de Ormuz e petróleo dispara com tensão no Oriente Médio

Cotação do petróleo tipo Brent se aproxima dos 80 dólares, e risco de desabastecimento global preocupa economias como a do Brasil
O mercado internacional amanheceu em alerta neste dia 20 de junho com a ameaça do Irã de fechar o Estreito de Ormuz, passagem estratégica por onde circula cerca de 30% do petróleo mundial. A possibilidade foi levantada como retaliação a uma eventual entrada dos Estados Unidos na guerra em apoio a Israel. O impacto imediato foi sentido nos preços da commodity: o petróleo tipo Brent voltou a subir forte, com valorização de quase 30% nas últimas duas semanas, e já se aproxima dos 80 dólares por barril — uma das cotações mais altas do ano.
O temor é de que um fechamento do estreito provoque um gargalo logístico no fornecimento global de petróleo, o que afetaria diretamente economias dependentes da importação da commodity, como o Brasil. Segundo especialistas, o cenário pode gerar reflexos em cascata, com aumento nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha, além de pressionar os custos da cadeia produtiva em diversos setores.
Reação do governo iraniano
A ameaça foi reiterada por autoridades do governo do Irã. Em entrevista à agência de notícias semiestatal Mehr, o parlamentar Seyyed Ali Yazdi Khah declarou:
“Se o inimigo criminoso liderado pela América quiser entrar oficialmente em uma luta e guerra com nosso país em apoio aos sionistas, é naturalmente o direito legítimo da República Islâmica do Irã de interromper a passagem fácil do comércio de petróleo desses países.”
O Estreito de Ormuz liga o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã e ao Mar Árabe, e é uma das rotas mais sensíveis do ponto de vista geopolítico. Qualquer movimentação que afete essa região tem potencial de provocar desequilíbrios nos mercados globais. Historicamente, a ameaça de bloqueio do estreito já foi usada como instrumento estratégico pelo Irã, mas raramente com intensidade e risco tão elevados quanto agora.
Efeitos no Brasil
O Brasil não está fora da zona de impacto. Embora o país produza parte significativa do petróleo que consome, a cadeia de combustíveis ainda é influenciada pelas cotações internacionais. A Petrobras, que adota paridade de preços com o mercado externo, pode repassar os aumentos ao consumidor, dependendo da manutenção do atual cenário.
Além disso, o risco geopolítico elevado pressiona os custos de importação de derivados, como o diesel, e eleva a volatilidade do mercado financeiro. Isso pode forçar o Banco Central a agir para controlar os efeitos inflacionários decorrentes.
Impactos globais
A ameaça iraniana se soma a uma sequência de instabilidades que têm afetado a economia global. Além do conflito no Oriente Médio, as tensões entre China e Taiwan, os desdobramentos da guerra na Ucrânia e os desafios pós-pandemia seguem pressionando os mercados.
Na avaliação de analistas do setor energético, mesmo que o bloqueio do estreito não se concretize, o simples aumento do risco já é suficiente para manter os preços do petróleo em patamar elevado nas próximas semanas.
Para o investidor, o momento exige cautela e atenção redobrada à movimentação de commodities e empresas do setor de energia. A tendência é que as bolsas reflitam essa instabilidade com maior volatilidade no curto prazo.