
⚡ Uma cidade submersa | ⛓ Emoções fora de controle | 🎯 A busca por abrigo na própria história
Por Matteus M. Marçal / Instagram:@matteusmarcal1
Naquela noite, sonhei que o mundo se enchia de água. Não era só uma chuva comum, era uma tempestade de fim dos tempos.
A cidade se afogava lentamente, e cada rua conhecida desaparecia sob as ondas. Corremos. Todos. Sem rumo, mas com esperança.
E o destino foi um prédio antigo, ali mesmo na Vila Brasília, onde as lembranças da infância ainda guardam cheiro de terra molhada e vozes da vizinhança.
Ali, entre corredores úmidos e paredes que pareciam respirar junto com a gente, buscamos abrigo.

Lá fora, o caos. Dentro, o medo e a fé travavam uma batalha silenciosa. A água continuava subindo, como se quisesse tocar o céu. Disseram que tudo seria inundado. Tudo. Não sobraria pedra sobre pedra. Mas ainda assim, subimos até o telhado.
Foi então que o improvável apareceu: um peixe. Mas não qualquer peixe, ele tinha dentes afiados, olhos fundos. Um vampiro das águas, perdido entre telhas e trovões.
O medo tomou outro formato. Já não era a água o problema, era o que ela trazia com ela, o inesperado, o desconhecido, o que não sabemos nomear.
Acordei suando. O sonho ficou em mim como uma parábola. Às vezes, a vida nos afoga. As tempestades vêm, anunciam perdas, mudanças, recomeços.
Mas em meio ao medo, buscamos refúgio onde guardamos raízes. E mesmo lá, o inesperado pode aparecer, como um peixe no telhado.
E talvez seja só o universo dizendo: enquanto houver telhado, há abrigo. E enquanto houver abrigo, há chance de respirar.
Reflexão final:
Às vezes, a vida se transforma em tempestade para nos fazer voltar ao telhado onde tudo começou. O refúgio não é apenas um lugar físico, é a memória de quem somos quando tudo à nossa volta parece desabar. E até o que assusta — como um peixe estranho no alto de um prédio — pode ser só um sinal: o inesperado também faz parte do processo de renascer.”