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OpenAI abre vaga milionária para antecipar riscos da inteligência artificial

Cargo de “Chefe de Preparação” surge em meio a críticas sobre segurança, saúde mental e impactos sociais do avanço acelerado da IA

A OpenAI anunciou a abertura de uma vaga estratégica e de alto escalão para lidar com um dos maiores desafios da atualidade: antecipar e mitigar riscos associados à inteligência artificial. O novo cargo, batizado de “Chefe de Preparação”, terá como missão central orientar decisões críticas de segurança antes do lançamento de novos modelos e funcionalidades.

O anúncio foi reforçado pelo próprio CEO da empresa, Sam Altman, em uma publicação na rede social X. Segundo ele, a evolução rápida dos sistemas de IA trouxe “desafios reais”, com destaque para preocupações ligadas à saúde mental dos usuários — tema que vem ganhando peso no debate global sobre tecnologia.

Função estratégica e pressão imediata

À esquerda, um pouco desfocado, o logo da OpenAI/ChatGPT; à direita, imagem de Sam Altman pensativo e com um dedo em sinal de silêncio na frente da boca

De acordo com a descrição oficial da vaga, o Chefe de Preparação será responsável por liderar a chamada “estrutura de preparação” da OpenAI. Trata-se de um conjunto de práticas voltadas à identificação de capacidades emergentes dos modelos de IA que possam representar riscos graves à sociedade.

Entre as atribuições estão:

  • coordenação de avaliações técnicas aprofundadas;
  • mapeamento de ameaças potenciais;
  • desenvolvimento de medidas de mitigação escaláveis, aplicáveis antes do lançamento de novas ferramentas.

A remuneração reflete o peso da função: US$ 555 mil por ano (mais de R$ 3 milhões), além de participação acionária. Altman já adiantou que se trata de um cargo altamente exigente, com responsabilidades críticas assumidas praticamente de imediato. No horizonte, estão decisões sensíveis envolvendo capacidades biológicas avançadas e sistemas com potencial de autoaperfeiçoamento.

ChatGPT, da OpenAI

Histórico recente de instabilidade na segurança

A criação da vaga ocorre em um momento delicado para a OpenAI. O antigo responsável pela área de preparação, Aleksander Madry, deixou o posto em 2024. Desde então, a função passou por divisões internas e a empresa registrou a saída de lideranças-chave da equipe de segurança — uma lacuna que se abriu justamente quando as críticas externas se intensificaram.

Especialistas e organizações civis têm alertado para riscos como dependência emocional, reforço de delírios e agravamento de transtornos psicológicos, especialmente entre jovens usuários de chatbots avançados.

O caso Adam Raine e o debate global

Um dos episódios mais simbólicos desse debate envolve o adolescente Adam Raine, de 16 anos. Segundo relatos judiciais, o jovem passou meses conversando com o ChatGPT, inicialmente para fins escolares, mas posteriormente sobre sua própria saúde mental.

Durante essas interações, Adam teria feito perguntas explícitas sobre métodos de suicídio, recebendo respostas técnicas do chatbot, ainda que acompanhadas de recomendações para buscar ajuda profissional. Em abril, o adolescente tirou a própria vida. As conversas foram encontradas pelos pais em seu celular.

Em agosto, a família ingressou com uma ação judicial na Califórnia contra a OpenAI e Sam Altman. Na atualização mais recente do processo, a empresa negou responsabilidade, alegando uso indevido da ferramenta.

O caso ampliou o debate internacional sobre limites éticos, responsabilidade corporativa e a necessidade de proteções mais robustas para adolescentes no uso de sistemas de IA.

Segurança como prioridade estratégica

Ao criar o cargo de Chefe de Preparação, a OpenAI sinaliza que a segurança deixou de ser apenas um pilar técnico e passou a ocupar o centro da estratégia corporativa. A disputa por inovação continua intensa, mas cresce a percepção de que antecipar riscos pode ser tão decisivo quanto lançar o próximo modelo revolucionário.

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