Bitcoin vive pior momento do ano após pressão de mineradores e saída recorde de ETFs

Por Ana Lucia
[email protected]
O mercado de criptomoedas atravessa uma de suas fases mais turbulentas de 2025, e o Bitcoin recebeu mais um golpe pesado nesta semana. Em apenas 24 horas, dois movimentos simultâneos acenderam um alerta vermelho entre investidores — e empurraram a moeda ao seu menor nível em meses.
De um lado, mineradores despejaram cerca de US$ 172 milhões em BTC no mercado, no maior volume de venda registrado nas últimas seis semanas. Do outro, os ETFs lastreados na criptomoeda registraram saídas de US$ 278 milhões, puxadas por alguns dos maiores gestores globais, como BlackRock e Fidelity.
A combinação derrubou o preço do Bitcoin para a faixa dos US$ 86 mil, patamar que não era visto desde abril. A performance recente é preocupante: o ativo já acumula queda superior a 20% no mês, e o recuo em 12 meses ultrapassa 8%.
O que explica a pressão?
A origem do movimento está em um indicador clássico da economia dos Estados Unidos: o payroll, relatório que mede a criação de empregos no país. Em setembro, foram abertas 119 mil vagas, mais que o dobro do esperado pelo mercado.
Com o mercado de trabalho mais forte que o previsto, aumenta a percepção de que o Federal Reserve poderá adiar cortes de juros. Juros altos por mais tempo tornam investimentos de risco menos atrativos — e moedas digitais são as primeiras a sentir o impacto.
Com menos apetite dos investidores, a liquidez do mercado diminui. Nesse cenário mais frágil, grandes vendas, como as dos mineradores, acabam provocando movimentos de queda em cascata.
US$ 1,1 trilhão evaporou
O momento negativo não se limita ao Bitcoin. Nas últimas seis semanas, o mercado cripto como um todo perdeu US$ 1,1 trilhão em valor, refletindo o movimento global de aversão ao risco.
Com isso, o Bitcoin voltou ao território negativo no acumulado do ano — algo raro para um ativo que, desde 2010, registrou apenas três períodos anuais de desempenho negativo.
O mercado agora observa os próximos discursos do Fed e o comportamento dos ETFs para entender se essa correção pode se aprofundar — ou se o pior já passou.



