Arábia Saudita suspende construção de megacidade futurista THE LINE por crise no preço do petróleo
Por Ana Lucia
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O ambicioso projeto THE LINE, apresentado ao mundo como o símbolo da modernização da Arábia Saudita, acaba de ser suspenso. O governo saudita confirmou a paralisação das obras da megacidade linear e futurista — composta por dois arranha-céus espelhados que se estenderiam pelo deserto — após o agravamento da crise nas contas públicas provocada pela queda do preço do petróleo.
O empreendimento, parte central do programa NEOM, lançado em 2017, previa transformar uma área desértica na costa do Mar Vermelho em um polo global de inovação e sustentabilidade, dentro do ambicioso plano Saudi Vision 2030, que busca reduzir a dependência econômica do país em relação ao petróleo. Atualmente, cerca de 45% do PIB e 80% da receita do governo saudita ainda vêm do “ouro negro”.
Desde 2022, o valor do barril caiu cerca de 40%, atingindo US$ 63, muito abaixo das previsões do governo, que trabalhava com preços acima de US$ 100. O resultado foi o aumento da relação dívida/PIB de 23% para 30% e a projeção de um déficit fiscal de US$ 27 bilhões para 2025.
A deterioração fiscal já havia levado a uma revisão nas metas do projeto: a distância da cidade, originalmente planejada para 170 km, foi reduzida para apenas 2,4 km, e a população prevista caiu de 1,5 milhão para 300 mil pessoas.
Com a suspensão, o sonho do príncipe Mohammed bin Salman de erguer uma cidade revolucionária — alimentada por energia limpa, sem carros e totalmente automatizada — se torna incerto, enquanto o país volta a enfrentar o dilema entre modernização e dependência do petróleo.
