Taís Araújo e Manuela Dias registram queixas mútuas na Globo após desentendimento nos bastidores de “Vale Tudo”

Discussão sobre a construção da protagonista Raquel expôs divergências criativas e reacendeu debate sobre a representação de mulheres negras nas novelas
Os bastidores da Globo continuam movimentados após o fim da novela “Vale Tudo”. Duas semanas depois do encerramento da trama, um embate entre Taís Araújo e a autora Manuela Dias chegou oficialmente ao setor de compliance da emissora, com denúncias registradas por ambas as partes. O conflito, segundo apuração do portal F5, começou durante conversas sobre o rumo da protagonista Raquel, interpretada por Taís.
A atriz teria procurado a autora ainda em agosto para discutir o desenvolvimento da personagem, argumentando que “Raquel era mais uma mulher negra escrita para sofrer em demasia”. A crítica refletia, segundo fontes próximas, o incômodo da atriz com estereótipos recorrentes na televisão e também a pressão de entidades do movimento negro, que manifestaram descontentamento com a condução da personagem.
Manuela, no entanto, discordou da avaliação. A conversa evoluiu para uma discussão profissional, e o episódio se tornou público após Taís expressar frustração em entrevista à revista Quem. Após a repercussão, a autora registrou uma queixa contra a atriz, alegando possível violação do código de conduta da empresa.
Poucos dias depois, Taís também formalizou uma denúncia contra Manuela, buscando, segundo pessoas próximas, “abrir espaço para uma reflexão mais ampla sobre a representatividade de personagens negros nas novelas”. Desde então, as duas não voltaram a se falar.
Além da questão racial, Taís Araújo teria demonstrado insatisfação com a redução da presença de Raquel nas últimas fases da novela, aparecendo com menos destaque e em cenas de merchandising. Apesar das tensões internas, “Vale Tudo” terminou com alta audiência e recordes de faturamento, consolidando-se como uma das produções de maior impacto recente da Globo.
A autora, que recentemente roteirizou o filme Malês, sobre o levante de escravizados na Bahia em 1835, teria se sentido particularmente atingida pela crítica. Mesmo assim, fontes internas garantem que o caso está sendo tratado com discrição e avaliação técnica pelo setor de compliance.
Apesar das divergências, pessoas próximas a Taís garantem que não há mágoa pessoal, mas sim “o desejo de promover mudanças estruturais na forma como a televisão brasileira retrata suas protagonistas negras”.



