Japão elege Sanae Takaichi como primeira-ministra em virada à direita histórica

Conservadora linha-dura e aliada de Shinzo Abe assume o cargo prometendo fortalecer defesa e retomar o crescimento econômico
O Japão fez história ao eleger Sanae Takaichi como sua primeira mulher primeira-ministra, marcando uma virada política à direita no país. A nova líder, conhecida por seu perfil conservador e discurso firme, recebeu 237 votos na Câmara Baixa do Parlamento e venceu também a votação na Câmara Alta, consolidando sua ascensão ao cargo mais alto do governo japonês.
Aliada do ex-premiê Shinzo Abe e admiradora declarada da britânica Margaret Thatcher, Takaichi deve retomar políticas de estímulo econômico inspiradas no chamado Abenomics, além de reforçar o investimento em defesa e segurança nacional. Sua eleição ocorre em meio à fragmentação política e ao fortalecimento de movimentos nacionalistas, refletindo a tendência global de avanço de lideranças de direita.
Para garantir maioria no Parlamento, o Partido Liberal Democrata (LDP) formou uma coalizão com o Partido da Inovação do Japão (Ishin), também de direita. Juntos, os dois partidos somam quase a maioria das cadeiras na Câmara Baixa, mas precisarão do apoio de parlamentares independentes para garantir estabilidade política.
A nova primeira-ministra enfrenta desafios imediatos: inflação em alta, crescimento econômico lento e tensões geopolíticas com a China e a Coreia do Norte. Internamente, a escolha de apenas duas mulheres para seu gabinete gerou críticas, especialmente após Takaichi prometer maior representatividade feminina. Com isso, as mulheres ocuparão apenas 16% dos ministérios, número distante do padrão de paridade observado em países nórdicos.
A economista e professora Yoko Otsuka, da Universidade Ritsumeikan, avaliou que, embora o simbolismo da eleição seja importante, “a presença feminina no poder ainda não representa uma mudança real na estrutura política japonesa”.
Takaichi, contudo, afirma que seu governo buscará “restaurar o orgulho nacional” e fortalecer o Japão “como uma nação resiliente, inovadora e segura”.