
Por Ana Lucia
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Quarteto de lances polêmicos é revelado pela entidade; árbitro de campo e VAR mantinham avaliação alinhada apesar das críticas são-paulinas
A CBF divulgou nesta quinta-feira (9) os áudios das conversas entre o árbitro de campo Ramon Abatti Abel e o árbitro de vídeo Ilbert Estevam da Silva em quatro lances polêmicos do clássico São Paulo x Palmeiras, realizado no domingo (5) pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro. A liberação só foi possível após autorização da Fifa, atendendo pedidos do São Paulo em meio a intensas reclamações contra a arbitragem.
As gravações mostram que, em casos como o pênalti não marcado em Tapia, os árbitros entenderam o lance como “escorregão acidental” e decidiram pela não marcação.
Em meio à polêmica, ambos foram afastados para “treinamento, aprimoramento e avaliação interna”.
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Entrega excepcional de transparência
A divulgação dos áudios entre árbitro de campo e VAR não era usual em lances que não passaram por revisão no monitor. O protocolo padrão prevê sigilo em “lances sem revisão protocolar”. Porém, a pressão do São Paulo e o respaldo da Fifa permitiram essa abertura.
Entre os casos liberados estão:
- possível pênalti de Allan em Tapia;
- entrada dura de Andreas Pereira em Marcos Antônio;
- suposto “pisão” de Gustavo Gómez em Tapia;
- contato de braço (cotovelada) de Gómez em Tapia.
O lance mais controverso: Allan sobre Tapia
No lance mais questionado, a gravação revela que Ramon Abatti Abel argumenta que o jogador “escorregou” e que não havia entrada clara:
“Escorregou. O jogador escorrega e os dois estão olhando para a bola. Para mim, ele escorrega … não tem nenhum tipo de entrada aqui.”
O árbitro de vídeo, Ilbert, em concordância, afirma:
“Temos um jogador do Palmeiras que escorrega … contato acidental provocando esse escorregão … bola está saindo da área.”
Ambos sustentaram a decisão de não marcar pênalti, mesmo com forte contestação da equipe tricolor.
Outros lances polêmicos
No caso da entrada de Andreas Pereira, Ramon relatou que “pisou na bola” antes do contato e que o VAR confirmou “intensidade média”, mantendo apenas o cartão amarelo.
Quanto ao suposto pisão de Gómez, houve checagem, mas ficou decidido que não havia ação intencional:
“Para mim tem o pisão, mas sem intenção … tudo checado, pode seguir.”
O lance com o cotovelo também foi considerado acidental pela equipe de vídeo:
“Quando ele vai levantar, toca o cotovelo … mas nenhum gesto adicional, nenhuma ação de cotovelada.”
Consequências imediatas e repercussão
Após a repercussão negativa, a CBF determinou o afastamento de Ramon e Ilbert para “treinamento, aprimoramento e avaliação interna”.
Ramon Abatti Abel já havia sido suspenso anteriormente por críticas arbitragem.
No São Paulo, dirigentes, comissão técnica e torcedores exigem que esse episódio sirva de ponto de virada: mais transparência, melhores profissionais e punições proporcionais. Já na CBF, o movimento é controlar danos, ajustar protocolos e restabelecer credibilidade.